De tanto ouvir comentários acerca desta coisa do Amor, decidi pesquisar em tudo o que era blog, sites, livros, manuais, enfim, pesquisei, pesquisei, quase até à exaustão, mas sem nada de conclusivo encontrar.
Prestes a baixar os braços, num mar de lágrimas e frustrações pensei:
Será que noutros séculos, noutras eras, quando tudo era mais simples e descomplexado, alguém teria escrito algo que me mostrasse a luz e me elucidasse acerca desta doença tão complexa de compreender e combater?
Novamente embrenhado em papiros e documentos seculares, encontrei um livro do Luís, não era um livrito qualquer, mas sim um verdadeiro “calhamaço” com umas centenas de folhas, o que tornou a minha busca mais morosa do que esperava, já que deveria estar concluída antes do Natal.
A obra intitulava-se Os Lusíadas e a certa altura deparei-me com um poema deveras desconcertante, mas que me elucidou por completo.
Seguidamente comentarei algumas frases que humilde e aleatoriamente transcrevi, estas revelam o brilhantismo do Poeta Luís e permitiram-me perceber perfeitamente o seu raciocínio sobre esta enfermidade e me motivaram a prosseguir para os capítulos seguintes.
Amor é fogo que arde sem se ver;
Se arde, deve-se combater.
É ferida que dói e não se sente;
Se doer, deve-se desinfectar e tratar até ficar completamente curado.
É um contentamento descontente;
Afinal é contente, ou descontente? De certeza que baralha e confunde os portadores e origina patologias psíquicas.
É solitário andar por entre a gente;
Perde-se a noção do ambiente e do mundo que nos rodeia.
É nunca contentar-se de contente;
Ri-se, ri-se, até não poder mais, está demente sem percepção da realidade.
É cuidar que se ganha em se perder;
Vendem tudo, pior que o vício do jogo.
É querer estar preso por vontade;
Uns querem evadir-se, estes entregam-se ás autoridades sem motivo aparente.
É servir a quem vence, o vencedor;
Servir? Escravidão? Algemas? Chicote? Puro masoquismo, em que mundo vivemos nós afinal?
É ter com quem nos mata lealdade;
Por acaso ressuscitamos? Se alguém me matar, como continuo a ser-lhe leal?
Notoriamente, o Luís retrata o tal síndrome do Amor como uma doença devastadora, uma verdadeira peste, e pelo que tive oportunidade de ler noutros documentos, a única cura é o isolamento total.
Mas por incrível que pareça há indivíduos que não estando curados completamente, iludem-se que sim e nesses casos uma recaída é terrível.
Ficam petrificados, engessados, embalsamados, amarrados, enfeitiçados, perdidos e outras coisas acabadas em “idos” e traduzindo todos estes adjectivos numa palavra só, ficam Apaixonados.
Quando o mal atinge estas proporções, é porque já venceu o coração e o cérebro, o coração cavalga tipo automotora e é quando o (a) gajo (a) já deixou de pensar, como que afectado por uma diarreia cerebral, e os neurónios são bombardeados com testosterona (como nos filmes de piratas quando se afundam os navios) perante tal ataque ficam como sopa.
Neste estado avançado, não se deve adiar o inevitável, casam-se, é aparentemente uma quarentena, só que nalguns casos prolonga-se por vários anos.
Se quisermos ser objectivos, esta é a medida mais adequada porque a doença fica restrita a um lar em vez de danificar e dizimar outras famílias.
Repararam porventura que até a cerimónia do matrimónio tem algo de sinistro, requer a presença de um padre! Á semelhança dos funerais, inclusive a certa altura na cerimónia do casamento ele refere “até que a morte vos separe” bem vistas as coisas, vai tudo dar ao mesmo, porque o casamento é o princípio do fim, esta promessa serve para evitar contaminação extra conjugal.
Existem pacientes que contaminam de vez em quando outros lares e cidadãos saudáveis, apenas desatentos e menos bem informados acerca desta peste do Amor, mas isso é tema para um próximo texto.
Termino com uma última questão, será que se fosse coisa boa, o logótipo da doença seria uma flecha cravada no coração?
Pensem nisto e mantenham-se saudáveis.